Estimativas de aborto induzido no Brasil e Grandes Regiões (1992-2005)

Por Mario Francisco Giani Monteiro e Leila Adesse .


Grande parte dos sistemas de saúde nos países em desenvolvimento, independentemente da sua política em relação ao aborto induzido, não planeja sistematicamente ou fornece atenção médica de emergência de maneira eficaz, para mulheres que sofrem de complicações relacionadas ao aborto. Como resultado, o tratamento freqüentemente é postergado e ineficaz, com graves conseqüências e riscos à saúde da mulher (JHU – Population Information Program, 1997).

O número de abortos induzidos foi estimado multiplicando-se por cinco o número de internações por abortamento registradas no SIH-SUS, aceitando-se a hipótese, proposta na investigação do Alan Guttmacher Institute (Alan Guttmacher Institute, 1994), que, no Brasil, 20% das mulheres que induziram um aborto tiveram que ser hospitalizadas em conseqüência de complicações. Foram também utilizados como fatores de correção um sub-registro de 12,5% e descontada uma proporção de 25% de abortos espontâneos.


- Número de internações no SUS por abortamento

A série histórica de 1992 a 2005 apresentada no Gráfico 1 mostra que o número de internações no SUS por abortamento reduziu-se rapidamente, passando de 344.956 internações em 1992 para 252,917 em 1996 (uma redução de 26,7 % em 4 anos), mantendo-se com valores próximos a 250.000 até 2005.



-Diferenças regionais no número de internações no SUS por abortamento

A grande maioria (3 em cada 4 em 2005) das internações no SUS por abortamento ocorreram nas duas grandes regiões com maior população, Nordeste e Sudeste, como pode ser visto no grafico 2. Isso pode ser explicado pelo ritmo mais rápido de crescimento da população feminina de 15 a 49 anos na Região Norte, que aumentou 59% de 1992 a 2005.


- Diferenças no número de internações no SUS por abortamento segundo a faixa etária

A redução no número de internações no SUS por abortamento ocorreu em todas as faixas de idade, como se pode ver no gráfico 3.



Observamos uma diferença regional importante, sendo o risco de abortos induzidos por 100 mulheres de 15 a 49 anos nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste maior que o dobro deste risco na Região Sul. Provavelmente parte destas diferenças pode ser atribuída a uma utilização maior e mais eficaz de medidas anticoncepcionais pelas mulheres na Região Sul, o que diminui a ocorrência de gravidezes indesejadas e conseqüentemente a necessidade de recorrer à indução do aborto.
Apesar de haver uma redução no risco de abortamento induzido, ele é ainda muito alto no Brasil, e apresenta diferenças regionais importantes em conseqüência da baixa utilização de medidas anticoncepcionais nas Regiões Norte e Nordeste.


Fonte: http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/ABEP2006_252.pdf





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